Latim como instrumento católico – – Série: Origem da língua latina – parte 3

Latim como instrumento católico

Dois importantes doutores da Igreja no século lV, Ambrosio e Hilário de Poitiers, além de seus sermões e escritos, foram grandes propagadores da música na liturgia. Trouxeram hinos em latim para a Igreja do Ocidente, dos quais o próprio Santo Agostinho dissera que tais hinos alegravam e tornavam as celebrações – mais vivas –. Esses hinos contribuíram para o fortalecimento do credo Niceno que combatia, principalmente, a heresia ariana, que negava a divindade de Cristo.

Confrontando o imperador Valentiniano II, adepto ao arianismo do norte de Itália, Ambrósio elaborou hinos em nome de uma fé católica – catholica fides – entendida como universal e verdadeira.

A língua latina ia sendo talhada como a língua litúrgica por excelência. Trazia consigo antigas inspirações da Koiné e do hebraico, enquanto muitos católicos melhoravam velhos hinos, compunham novos, criando um instrumento profundamente eficaz no fortalecimento da fé da Igreja.

Cantar uma música de ação de graças em português, inglês ou qualquer língua vernácula, pode fazer com que você reze duas vezes, como dizia Agostinho – qui cantat bis orat ‘quem canta reza duas vezes’–. Mas celebrar e cantar em latim eclesiástico é cantar na língua que existe somente para este fim, qual seja, revelar a presença de Cristo nesta terra.

O latim da Igreja não tem por objetivo expressar técnicas mecanicistas, não interessa ao latim da Igreja narrar histórias de romances ou ficção científica. O latim da Igreja existe – somente – para honrar o Verbo de Deus. Pois o Verbo se fez carne, e é através do latim que a Carne de Cristo se faz Verbo para expressar os hinos e as celebrações de todos os tempos.

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